A experiência de Davi e Absalão

Publicado por Jean Santos em

Não há dúvidas que vivemos os tempos difíceis que Paulo profetizou a Timóteo (2Tm 3:1-4). Os lares cristãos estão se desmoronando. Os lares dos líderes estão se fragmentando. Nunca se ouviu falar tanto de filhos de cristãos se voltando para o mundo como nos dias de hoje. Portanto, precisamos cuidar mais de nossas casas, de nossas famílias, de nossos filhos, cultivar esses relacionamentos como a tarefa mais importante e prioritária que temos diante de nós. Necessitamos de uma ação dos céus para que o coração dos pais se converta aos filhos e o coração dos filhos se converta aos pais, conforme nos ensina o profeta Malaquias “Ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos aos pais; para que eu não venha e fira a terra com maldição” Ml 4:6

Como pais precisamos olhar mais para nossos filhos e para exemplificar a importância disso quero me basear na história de Davi como Rei de Israel, como pai, e em particular no relacionamento com seu filho Absalão. Toda a história está registrada no segundo livro de Samuel nos capítulos treze a dezoito. Creio que à medida que formos refletindo sobre ela, vamos descobrir que o Senhor tem muito a nos falar a respeito desse exemplo. Primeiramente é importante deixar claro que Davi era um pai muito bem intencionado. As boas intenções de Davi, se revelam, por exemplo, nos nomes que ele deu a seus filhos. Naquela época, era comum os pais ao colocarem os nomes em seus filhos, levarem em consideração muito mais o significado do nome do que propriamente a beleza dos mesmos. Vejamos alguns exemplos no caso dos filhos de Davi:

  • ADONIAS – Aquele que pertence a Adonai, aquele que pertence ao Senhor.
  • SALOMÃO – Pacífico
  • ABSALÃO ou ABSHALOM – O pai da paz
  • AMNOM – Fiel

Davi tinha o coração cheio de esperança, tinha sonhos e expectativas quanto a cada um de seus filhos. Jamais passou pelo seu coração a idéia absurda de que Absalão um dia viria a traí-lo, gerando assim um golpe de estado, a fim de destroná-lo do poder. Atentemos para essa triste realidade: Mesmo que Davi fosse um pai que sonhasse com o bem dos filhos, ele, no entanto, não foi capaz a seu tempo de transformar suas boas intenções em realidade na forma de investimento na vida de seus filhos. Não foi capaz de investir vida na vida dos seus filhos. Suas boas intenções não foram suficientes para evitar tragédias em sua família, na verdade, tornaram-se um fim em si mesmas.Por que isso aconteceu? Provavelmente porque estivesse ocupado demais. Davi era o rei. Tinha sempre muitas reuniões, muitas decisões, muitos compromissos, muitas demandas, muitas mulheres e muitos filhos. (2Samuel 3:2-5 ; 5:13-16). Toda essa agenda fez com que Davi se tornasse um pai ausente demais. Do outro lado dessa rotina extressante, estava Absalão, seu filho, e seu dia-a-dia não era menos intenso: Dinheiro, palácio, casas, prestígio, posição social, status, era bonito e charmoso (a Bíblia diz que ele era o homem mais bonito em todo o Israel e que desde a planta do pé até à cabeça não havia nele defeito algum. Tinha tudo, mas lhe faltava um pai. Mais que um rei, Absalão queria um pai.

Toda a tragédia na vida familiar de Davi e na sua relação com Absalão começa a se desenhar no adultério com Beteseba. O Senhor diz, atravéz do profeta Natã, que a espada não se apartaria da casa de Davi (2Sm12:10). As situações começam a se desencadear quando Amnom, um dos filhos de Davi e seu primogênito, apaixonado por uma de suas irmãs, na verdade, irmã somente por parte de pai, a qual era irmã de Absalão, filhos de Davi com Maaca (2Samuel 3:3), que era uma estrangeira procedente de Gesur.Tamar era o nome da moça. A Bíblia diz que ela era linda e maravilhosa, graciosa, formosa, encantadora, Amnom, orientado por um sobrinho de Davi, arquiteta um plano maligno para possuí-la. Fingindo-se de doente, pede a seu pai para que Tamar venha cuidar dele. Quando ela entra na tenda, ele se levanta e a estupra. Todo mundo ficou sabendo, inclusive a corte. O rei ficou sabendo do escândalo, mas não fez nada.Absalão, vendo que seu pai não tomava providências, consola a Tamar e a traz para morar com ele. Absalão não procura a Amnon para confrontá-lo, ao contrário, passa a odiá-lo em seu coração por aquilo que ele fez com Tamar. Dois anos se passam, Absalão não suportando mais esperar a omissão e indiferença do rei, começa a planejar a morte do irmão. A escritura diz que todo o Israel sabia da má intenção de Absalão para com Amnom, Davi, no entanto, não a levou em consideração. Sob a pretenção de uma caçada no campo, Absalão mata Amnom. A notícia chega ao palácio, o rei se enfurece, fica cheio de ódio, mas nada faz. Absalão foge, indo morar na casa de Talmai, seu avô. Permanece por lá durante três anos. Durante todo esse tempo nada foi feito. Davi não chama o filho para uma conversa.Mais tarde, por insistência de Absalão e intercessão de Joabe (comandante do exército), Davi manda chamar o filho para morar nas imediações de Jerusalém. Dois anos se passaram e Davi não faz nada. Não suportando mais aquela situação, Absalão chama Joabe e manda um recado para o pai: Quero ver a face do rei; e, se há ainda em mim alguma culpa, que me mate.” Davi mandou chamá-lo à sua presença. Absalão é recebido no palácio, o rei se aproxima dele, o beija e o despede. Um estupro, um homicídio, ódio, amargura, crise e Davi pensa que pode resolver tudo isso apenas com um beijinho. Absalão sai do palácio, vai para a porta da cidade e começa a preparar uma revolta armada, conspirando contra seu próprio pai.Davi foge com medo do próprio filho. Absalão é declarado rei em Hebrom. Os exércitos de Davi e Absalão se confrontam no bosque de Efraim. Absalão tentando fugir dos homens de Davi, fica preso pelos cabelos nos ramos de um carvalho. Joabe fica sabendo, vai até o local, e com três flechas atravessa o coração de Absalão e o mata. A notícia chega até Davi, que andando de um lado a outro da sala, chora inconsolavelmente: Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Quem me dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho!” Creio que os conflitos entre Davi e Absalão é a experiência familiar mais dramática da Bíblia. O que podemos aprender com ela?

  • NÃO É SUFICIENTE COMO PAIS TER BOAS INTENÇÕES PARA COM NOSSOS FILHOS. As boas intenções de Davi, se revelam, por exemplo, nos nomes que ele deu a seus filhos. Não é suficiente colocar nomes santos em nossos filhos. Amnom e Absalão tinham nomes santos mas isso não os impediu de cometerem os pecados que cometeram. Temos que nos dedicar aos nossos filhos, dar-lhes exemplo, amizade, instrução e sempre que for necessário corrigí-los;
  • DAVI ERA UM HOMEM SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS, MAS NÃO CONSEGUIU TRANSMITIR A MESMA CARGA PARA SEUS FILHOS. Davi não foi capaz, a seu tempo, de transformar suas boas intenções em realidade na forma de investimento na vida de seus filhos. Não foi capaz de investir vida na vida dos seus filhos. Ganhou o mundo e perdeu a alma de seu filho. Creio, de todo o meu coração, que o Senhor quer nos falar algo sobre isso. De que adianta proporcionarmos condições para que nossos filhos sejam bem sucedidos na vida profissional, se ao mesmo tempo, tornam-se apáticos na vida espiritual? Não seremos cobrados pelo Senhor quanto a alguma carreira de sucesso que nossos filhos trilharão, mas se fomos capazes, por nossas vidas, de conduzir seus corações a Deus. Mais do que qualquer outra coisa, nossos filhos precisam de nossas orações, nosso exemplo de fervor e amor pelo Senhor. Necessitam de um ambiente familiar que lhes possa constranger o coração a amar e servir a Deus, mais do que a qualquer coisa desse mundo.
  • MESMO QUE NOSSOS FILHOS TENHAM DE TUDO, NADA SUBSTITUI NOSSA PRESENÇA, AMIZADE E DEDICAÇÃO A ELES. Davi era o rei, e como rei, estava sempre muito ocupado. Tinha sempre muitas reuniões, muitas decisões, muitos compromissos, muitas mulheres e muitos filhos. (2Samuel 3:2-5 ; 5:13-16). Toda essa agenda fez com que Davi se tornasse um pai ausente demais. Do outro lado dessa rotina extressante, estava Absalão, seu filho, e seu dia-a-dia não era menos intenso: Dinheiro, palácio, casas, prestígio, posição social, status, era bonito e charmoso (a Bíblia diz que ele era o homem mais bonito em todo o Israel e que desde a planta do pé até à cabeça não havia nele defeito algum. Tinha tudo, mas lhe faltava um pai. Mais que um rei, Absalão queria um pai.
  • NOSSAS RESPONSABILIDADES COMO PAIS NÃO PODEM SER TRANSFERIDAS A NINGUÉM. Pais muito ocupados do lado de fora de casa acabam, sutilmente, transferindo responsabilidades que são exclusivamente suas. Davi transferiu sua responsabilidade para o avô de Absalão, para Joabe, o comandante de seu exército. Para quem estamos transferindo a responsabilidade de administrar a alma de nossos filhos? Para os avós? Para a empregada? Para a escolinha? Para a TV? Para o pastor? Pais convertidos a seus filhos não transferem responsabilidades;
  • NÃO MINIMIZAR O PODER DAS AMARGURAS FAMILIARES. Pais convertidos aos seus filhos brincam com o ódio existente entre os filhos e não acham que isso é algo sem importância. Nunca deixando por conta do tempo a mudança do caráter. Sentar e conversar, tratar do problema a fundo;
  • NÃO PODEMOS DEIXAR DE CONFRONTAR NOSSOS FILHOS COM A VERDADE. Davi era um homem capaz de vencer gigantes, mas incapaz de confrontar seus filhos. Ter um relacionamento com eles baseado na sinceridade, na integridade, custe o que custar. No olho no olho, tratando o pecado como pecado, no perdão sério sem passar a mão na cabeça como se nada tivesse acontecido. Não havia diálogo com os filhos. É importante lembrar da história de Eli e seus dois filhos (1Samuel 3:13). Amá-los sem deixar de ser firmes. Quem não confronta seus filhos, vai ter que chorar depois como Davi chorou;
  • CONSTRANGIMENTO EM CORRIGIR NOSSOS FILHOS POR CAUSA DE ACUSAÇÕES DO DIABO RELACIONADAS AO NOSSO PASSADO. A Escritura não deixa claro, mas é provável que Davi temia confrontar seus filhos devido a culpa pelo pecado cometido com Beteseba. Não aceitemos acusações do diabo quanto ao nosso passado, nossos filhos devem saber que o Senhor nos perdoou o passado e nossa autoridade para confrontá-los está baseada nisso.

CONCLUSÃO
Amados, é com temor e tremor que trouxe esse tema para meditarmos. Também sou pai, e não há em meu coração nenhum sentimento de superioridade em relação a meus irmãos que tem enfrentado dificuldades com seus filhos. A motivação que me move é de profunda compaixão e misericórdia por esses amados. Creio que o Senhor está nos chamando a atenção a fim de cuidarmos com mais atenção de nossas casas para que não choremos mais tarde como o fez Davi: “Então, o rei, profundamente comovido, subiu à sala que estava por cima da porta e chorou; e, andando, dizia: Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Quem me dera que eu morrera por ti, Absalão, meu filho, meu filho!” 2Samuel 18:33 Que o Senhor tenha misericórdia de nós!


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