Princípios absolutos da obra de Deus – Mario Fagundes e Marcos Moraes

Publicado por Jean Santos em

Esta é a principal e pior causa de queda que prevalece nos nossos dias, principalmente entre aqueles que estão numa posição de liderança na casa de Deus. É a porta que o diabo tem usado para entrar nos corações daqueles que tem zêlo pelo avanço da obra de Cristo. Mas, o que significa orgulho espiritual? Parece estranho, como pode haver orgulho em algo espiritual? Mas infelizmente é um fato que tem ocorrido cada vez com maior freqüência. Seu significado pode ser explicado com alguns exemplos muito comuns nos dias de hoje:

Para que possamos entender bem quais são os princípios absolutos da obra de Deus, é necessário termos bem definido o absoluto e o relativo. Se não tivermos isso bem claro, vamos considerar relativo aquilo que Deus chama absoluto, e absoluto aquilo que Deus chama relativo. Nessa confusão está a desgraça da igreja, pois há muitos que crêem que há várias maneiras de se fazer a obra de Deus. Uns fazem evangelismo pessoal, outros fazem evangelismo de massa. Uns fazem discipulado, outros fazem guerra espiritual. Os que fazem tais afirmações, não vêm outra coisa além de métodos.

este é o problema com o tal do “discipulado”. Para muitas pessoas não passa de mais um método. O método do discipulado (que geralmente consiste em reunir alguns irmãos e passar a eles o ensino de alguma apostilinha). Jesus não mandou fazer discipulado, ele mandou fazer discipulos; isto não é um método descartável, é um princípio absoluto da obra de Deus.

Devemos esclarecer algo muito simples: O ABSOLUTO, SEMPRE SERÁ ABSOLUTO E O RELATIVO SEMPRE SERÁ RELATIVO. Outra coisa muito simples, porém fundamental, é que o relativo é indispensável para se chegar ao absoluto. Sendo assim, temos uma fórmula simples para cooperarmos com o propósito eterno de Deus: O ABSOLUTO E O RELATIVO SÃO INDISPENSÁVEIS PARA FAZERMOS A NOSSA PARTE NO PROPÓSITO DE DEUS.

O QUE É ABSOLUTO?

1- É algo que subsiste por si próprio.

2- Que não tem limites, que não sofre restrição.

3- Que enuncia um sentido completo.

4- Algo imperioso, soberano.

5- Incondicional.

6- O que é em si, e  por si, independente de qualquer condição.

7- Idéia primária, ou verdade, em que se baseiam todas as outras.

O QUE É RELATIVO?

1- Que serve para exprimir relação.

2- Que depende de certas condições.

3- Que reporta a outro ser.

4- Que depende de outro.

5- Que não pode ser afirmado sem reserva.

6- Que não e absoluto.

7- Que não se subordina a um princípio absoluto.

Uma vez que tenhamos bem definido o que é ABSOLUTO E RELATIVO, vamos trabalhar um pouco nas questões absolutas e relativas do reino de Deus. Já dissemos que a confusão é muito grande e tem se tornado a desgraça da igreja quando mistu­ramos o absoluto com o relativo. Relativismo é a doutrina segundo a qual todo conhecimento é relativo, que a idéia de bem e de mal é variável conforme o tempo e a sociedade. Por exemplo, dizemos que “O QUE” Deus quer é absoluto,  ex.: Seu propósito, sua vontade, seus mandamen­tos , suas ordens, sua palavra, sua doutrina, etc… são aceitas como sendo absolu­tas e inques­tionáveis. Todos admitem que Deus é absolutamente santo e perfeito e que Ele não  aceita o pecado. Afirmamos cate­goricamente que Ele tem um propósito definido e que não muda. Quando afirmamos coisas próprias de Deus, todos admitimos serem absolutas. Nisso estamos de acordo. A confusão começa quando chegamos no “COMO”. Já afirmamos que Deus tem um propósito eterno e este é absoluto, mas, como atingir esse propósi­to, isso é relativo. Agimos como se isso fosse a coisa mais normal. Não pensamos em averiguar se essa declaração é verdadeira ou não, mas a acei­tamos sem questionar. Aliás, a maioria das “dou­trinas” conhecidas são aceitas sem que verifique­mos a autencidade espiritual das mesmas. Sendo assim, seguimos nossa vida cristã agindo como se tudo esti­vesse de acordo com a vontade de Deus.

Precisamos voltar para a palavra de Deus e questionar nossas tradicionais declarações de fé. Precisamos desconfiar de nossas tradições. Não seria sábio comparar o que nos ensinaram com tan­tas interpretações circunstanciais e particulares, com a simplicidade da palavra de Deus? Penso que sim. Devemos ser como os Bereanos que foram inves­tigar na palavra se o que os apóstolos falavam era verdade ou não.

MÉTODOS OU PRINCÍPIOS?

Precisamos entender algo básico: OS MÉTODOS  SÃO RELATIVOS, MAS OS PRINCÍPIOS SÃO ABSOLUTOS. Isto é, métodos podem variar conforme o tempo, o local e as circunstâncias, mas os princípios não mudam nunca. Os princípios são absolutos e imutáveis (permanentes). Por isso, descobrir princípios e praticá-los é fundamental na obra de Deus. Todas as nossas práticas ou métodos devem se originar de princípios. Não importa quantas práticas tenhamos, ou quanto essas práticas mudem, elas devem emanar de princípios imutáveis.

PRINCÍPIOS    PRÁTICAS

(Absolutos)           (Relativas)

A respeito dessas coisas, encontramos hoje, um erro muito comum: pensar que apenas o propósito eterno de Deus é absoluto, mas a estratégia é relativa. O que Deus quer é absoluto, mas o como Deus quer é relativo. O mais importante é o  objetivo a ser alcançado.  Agora, como cada um vai fazer para alcançá-lo não importa, desde que alcance o objetivo, faça como achar melhor. ISTO É UM TREMENDO ENGANO! Não podemos fazer a obra de Deus da maneira que quisermos. Os objetivos de Deus são sublimes, são divinos. Ele não nos dá uma obra tão tremenda e diz: “Façam como quiserem”. Isto não quer dizer que ele vai nos dar detalhes sobre as práticas. Mas vai nos orientar quanto aos princípios que devemos aplicar, para que “O QUE” ele quer e “COMO” ele quer aconteçam.

A FIRMEZA QUANTO A APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS

É QUE VAI DETERMINAR O PERFIL DA OBRA

1- O PROPÓSITO ETERNO DE DEUS

Desde o início da criação Deus propôs em seu coração ter uma família de homens semelhantes a ele, que expressassem na terra sua glória, autoridade e caráter. Sabemos que todo ser vivo se reproduz segundo a sua própria espécie, então, quando Adão e Eva se multiplicassem, reproduziriam filhos à imagem de Deus. Esta seria a família de Deus (Gn 1. 26). Sabemos porém o que aconteceu, o homem pecou, perdeu a imagem de Deus tornando-se inútil para cumprir o seu propósito. Tendo Adão tornado-se inútil, Deus envia seu próprio filho e mantém viva a esperança de cumprir seu propósito.

O texto de Romanos 8. 28,29 nos mostra de forma clara o propósito  do senhor. Podemos definí-lo assim: DEUS QUER UMA FAMÍLIA DE MUITOS FILHOS SEMELHANTES A JESUS. Vejamos por etapas:

a-) UMA FAMÍLIA. isto nos fala de unidade.

b-) DE   MUITOS   FILHOS.  Isto   nos   fala  de   quantidade.  Discípulos,   que   fazem discípulos (multiplicação).

c-) SEMELHANTES   A   JESUS.  Isto   nos  fala  de  qualidade.  Deus   não   se contenta  só com quantidade, nem se satisfaz com números. Ele não quer uma massa  de gente   que   vive   de  qualquer   maneira.  É necessário que seus filhos tenham  qualidade de vida, que vivam como Jesus.

2- A ESTRATÉGIA  DE  DEUS  PARA  CUMPRIR  O  SEU  PROPÓSITO  É  O   SERVIÇO DOS SANTOS.

De acordo com Efésios 4.11,12 vemos o seguinte: Os dons ministeriais foram dados à igreja para “Katartismar”  os santos, ou seja, ajustá-los, equipá-los, prepará-los e treiná-los como a soldados. Desta maneira, os santos desempenham seu próprio ministério (serviço), e isso traz edificação ao corpo de Cristo.

MINISTÉRIOS    EQUIPAM OS SANTOS    OS  SANTOS DESEMPENHAM O SEU SERVIÇO    O CORPO DE CRISTO É EDIFICADO

3- JESUS É O NOSSO ÚNICO PONTO DE REFERÊNCIA.

Não devemos olhar apenas para Jesus Cristo na cruz, na ressurreição ou no trono. Devemos olhar para o Jesus obreiro, pois quando ele diz: “Eu sou o caminho… segue-me…” seu desejo não é apenas que sigamos sua doutrina, mas também sua maneira de trabalhar e sua estratégia de ação.

Por não se ter uma perspectiva clara dos evangelhos, e mais precisamente da vida de Jesus, tem se extraído a vida e prática da igreja das mais variadas fontes (Mt 17.5)(Jo 13.15)(At 3.22,23)(Cl 1.19 ; 2.8,9,16,17)(Hb 1.1-3)(I Pe 2.21). Os homens de sucesso, os ministérios reconhecidos mundialmente, não servem como ponto de referência, apenas na medida em que eles seguem a Jesus.

4- A  PALAVRA APOSTÓLICA É A NOSSA PRINCIPAL FONTE DE INFORMAÇÃO.

O velho Testamento é útil (II Tm 3.16), mas não serve como base, ele contém as sombras e figuras (Co 3.6-11)(Gl 4.24-31) (Cl 2.16,17)(Hb 8.5 ; 9.23 ; 10.1). O Novo Testamento contém a realidade que é JESUS E A IGREJA. Se quiséssemos edificar uma nação terrena, deveríamos buscar os princípios para esta obra no V.T.. Mas a igreja é uma nação celestial (Efs 2.6)(Hb 12.22), e os princípios para sua edificação estão no N.T.

5- TODO ENSINO E  ESTRUTURA  DEVE  SE  MANTER  NA SIMPLICIDADE.

Dentre as coisas que mais dificultam o caminhar da igreja nos dias de hoje, destaca-se o fato dela ter deixado de lado a simplicidade. A mesma simplicidade que havia nos primeiros cristãos, que apesar de, na sua maioria, não saberem ler nem escrever, e de não terem imprensa ou papel, nem ao  menos  bíblias, tornaram-se aptos para realizar a obra que Jesus lhes ordenara. O que eles tinham? Eles tinham poucas coisas, bem ensinadas, bem aprendidas, bem praticadas e bem transmitidas a outros (II Co 11.3)(Fl 3.1)(II Pe 1.12 ; 3.1,2)(I Jo 2.7).

NÃO PRECISAMOS DE NOVIDADES, MAS SIM, DE PROFUNDIDADE

6- FAZER DISCÍPULOS

Qual foi o trabalho de Jesus enquanto esteve aqui na terra? Orando ao pai, ele disse: “Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer” (Jo 17.4). Isto se deu antes da cruz, mas mesmo assim, Jesus diz ter consumado a obra que o pai lhe confiou. Qual foi essa obra? Por muitas vezes paramos para meditar na obra realizada por meio de sua morte, mas gastamos pouco tempo meditando sobre o trabalho principal de sua vida, possivelmente porque nem sabemos que o fazer discípulos fosse tal trabalho. NÃO PODEMOS CONSIDERAR ESTA MANEIRA DE JESUS TRABALHAR COMO ALGO RELATIVO, DEVEMOS FAZER COMO ELE FEZ.

UMA GRANDE OBRA, COMEÇA COM UMA PEQUENA OBRA,

COM PESSOAS BEM FORMADAS

7- A   ÚNICA   PREGAÇÃO    QUE    FORMA    DISCÍPULOS    É    A    PREGAÇÃO DO EVANGELHO DO REINO.

Quando Jesus pregou o evangelho, teve um cuidado especial para que toda mensagem fosse apresentada, isto incluia não só as promessas, mas também as advertências e as condições. Ninguém ficava enganado ao se aproximar de Jesus (Mt 7.13,14), pois ele transmitia de forma clara e direta que seu evangelho estabelecia o governo de Deus sobre a vida dos homens (Mc 8.34,35) (Lc 14.33). O evangelho pregado por Jesus, significava uma ordem, não uma oportunidade com alternativas.

SUBMISSÃO TOTAL A JESUS, NÃO É UMA OPÇÃO PARA O SALVO

MAS UMA CONDIÇÃO PARA SER SALVO

8- COMPANHEIRISMO.

Jesus também estabeleceu vínculos fortes não somente entre ele e seus discípulos, mas também relacionou-os entre si. Várias vezes, nós vemos Jesus enviando seus discípulos de dois em dois (Mt 21.1)(Mc 6.7 ; 14.3)(Lc 10.1). Isto fazia parte do processo de formação do caráter de cada um deles. Eles agora saiam sem o mestre. Que profunda relação tinham que aprender a desenvolver! A oração, os conselhos, a longanimidade, o perdão, a luta contra o espírito de competição e tantas outras formas com que o Espírito Santo trabalharia neles enquanto estavam juntos nessa relação.

9- OS PASTORES E LÍDERES  DEVEM SER E  FAZER TUDO  AQUILO  QUE  QUEREM QUE OS DEMAIS DISCÍPULOS SEJAM E FAÇAM.

O exemplo é o mais execelente método de pedagogia, nada o supera, há filósofos que dizem não haver outro. O que não se ensina através do exemplo…não se ensina! Se uma pessoa não pode dizer faça como eu faço, ela não tem o direito de dizer coisa alguma. Na escola do exemplo, a atenção se dirige a dois elementos, é indispensável que não falte nenhum dos dois:

a-) O mestre precisa ser e fazer como quer que seu discípulo seja e faça.

b-) O discípulo precisa ter a disposição de ser e fazer como seu mestre.

O EXEMPLO É A ÚNICA MANEIRA

PELA QUAL PODEMOS APROFUNDARO ENSINO,

COM A GARANTIA DE DEIXAR PEGADAS DURADOURAS

10- TODO  RECONHECIMENTO  DO   MINISTÉRIO   DEVE   SER   PELO   FRUTO   DO  SERVIÇO.

Deve haver fruto de vidas alcançadas, transformadas, edificadas, para que alguém vá crescendo no ministério. Nos setores mais tradicionais da igreja, o reconhecimento vem através de um curso teológico. Nos setores chamados “renovados”, o reconhecimento é pelo carisma ou pela eloquência no ensino. Na igreja primitiva os líderes surgiam no meio da própria igreja, e eram reconhecidos por sua vida reta e pelo serviço (Tt 1.5-9).

11- QUE SE TRABALHE POR NÍVEIS.

Existem níveis diferentes de crescimento entre os discípulos, não podemos trabalhar com todos da mesma maneira, nem tampouco podemos colocá-los todos juntos, pois desanimaríamos os interessados, ou deixaríamos os novos sem intender nada. Jesus nos deu o modelo de como trabalhar por níveis: O tratamento que ele dava  as multidões era diferente do tratamento dado aos doze, que por sua vez, era diferente dos setenta. Mesmo entre os doze, ele selecionou Pedro, Tiago e João para um relacionamento mais íntimo. Alguém pode argumentar: Mas Deus prefere uns mais do que outros? Não! De maneira alguma! Mas existem alguns que o preferem mais do que outros. Deus os diferencia pela sede de seus corações (I Jo 2.12,13).

12- ESTAR  EM  LOCAIS  PÚBLICOS,  ONDE O POVO  DA CIDADE ESTÁ.

Poucas são as vezes que Jesus se reuniu em locais fechados com seus discípulos. Sua sala de aula eram as ruas, as praças, o pórtico do templo dos judeus, enfim, era onde o povo da cidade estava. Ela ocupava os locais naturais de aglomeração, quando ensinava seus discípulos, ele o fazia na frente das multidões, e elas podiam ouvir o que ele ensinava (Mt 5.1,2 ; 7.28). Quando estamos reunidos com os discípulos em casa, o máximo que pode acontecer é o que foi programado. Quando estamos na rua, o mínimo que pode acontecer é o que foi programado. Na rua damos oportunidade para o Espírito Santo se manifestar.

NA RUA TEMOS A OPORTUNIDADE DE FAZER PELO MENOS DUAS COISAS ENSINAR OS DISCÍPULOS E FALAR COM AS PESSOAS

13- AS CASAS SÃO O QUARTEL GENERAL DA IGREJA.

Examinando as escrituras, verificamos que os primeiros cristãos reuniam-se nas casas em obediência a Jesus que ensinava a entrar pelas casas, para encontrar as que fossem dignas e alí permanecer pregando a palavra e estabelecendo o reino de Deus. Eles foram fiéis a isso, para eles, as casas eram o ponto de referência, pois não possuiam templos e tinham aprendido com Jesus que a vida da igreja se desenvolveria nas casas. Esta prática, porém, não pode ser vista como mais um método, e sim, com a única maneira da igreja viver e se multiplicar (At 2.46 ; 5.42 ; 20.20)(Rm 16.5)(I Co 16.19)(Fm 2).

14- ORAÇÃO 

A oração é a forma mais simples de manter-nos no lugar de dependência de Deus. Jesus disse: “Sem mim, nada podeis fazer”. Se perdermos essa dependência, fatalmente naufragaremos. Não há uma só  pessoa que, sem oração tenha sucesso no serviço de fazer discípulos. JESUS VIVEU NA DEPÊNDENCIA DO ESPÍRITO SANTO. Nossa dependência de Deus é a chave para conhecer seu coração e saber o que ele quer a respeito das vidas a quem queremos pregar. A oração nos faz intrépidos, ousados, capazes e frutíferos. A oração corresponde a 90% do trabalho.

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